quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Olha que coisa bonita

Rita Guedes

Serra prevê vitória e monta ministério

Do blog do Professor Hariovaldo Almeida Prado
Com a vitória garantida Serra começa a pensar no ministério
Por Prof Hariovaldo Prado
Como a vitória agora é questão de dias, é hora de começarmos a analisar o futuro ministério de salvação nacional do governo Serra. Alguns nomes já estão certos, outros ainda são dúvidas. É importante que cada um de nós dê sua opinião sobre eles ou indique substitutos. Vamos conhecê-los:
Relações Exteriores: Fernando Henrique Cardoso;
Defesa: Nelson Jobim;
Justiça: Gilmar Mendes;
Banco Central: Salvatore Cacciola
Comunicações: Ali Kamel;
Saúde: Cacá Rosset;
Economia: (Serra está em dúvidas entre Sardenberg e Leitão)
Segundo sugestões dos homens bons que frequentam este sítio noticioso, poderemos ter também as seguintes pessoas nos ministérios indicados:
Minas e Energia: David Zylbersteyn
Pró-Álcool: Lucia Hipolitro.
Cultura: Arnaldo Jabor
O IBGE será gerido pelo Datafolha.
Trabalho: Chiquinho Scarpa
Turismo: Maitê Proença
Ministério do Acarajé: Cira de Itapuã
Ministério da Juventude: Soninha
Instituto Federal de Reeducação Social Henning Boilesen: Jair Bosolnaro
Previdência Social: Georgina de Freitas
Igualdade Racial: Demétrio Magnoli
Reforma Agrária e Agricultura Familiar: Kátia Abreu
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Rogéria
Articulação Política: Índio da Costa
Esportes: Ricardo Teixeira
A chefia da Casa Civil ficará com a Condoleesa Rice, pois é assunto muito sério pra ser tratado por brasileiros.
O Instituto Rio Branco passará a se chamar Ronald Reagan Institute.
Diário Oficial será substituído pela Folha de São Paulo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cumprir uma ordem criminosa é cometer um crime

Muitos nazistas de alto escalão tentaram se defender em Nuremberg, alegando que cumpriam ordens. Todos os que "cumpriram ordens" e praticaram atos contra a humanidade foram condenados. O tribunal decidiu que ordens criminosas não devem ser cumpridas e aqueles que as cumprem são criminosos também.
O tribunal de Nuremberg foi um dos momentos mais brilhantes da trajetória da humanidade.
O que dizer daqueles que cumpriram ordens, para produzir aquela matéria infame da revista Época, que tentou produzir uma imagem ameaçadora da candidata Dilma Roussef? Os jornalistas que se submeteram a criar aquela edição maldosa, com uma capa cuidadosamente projetada para amedrontar a boa fé dos brasileiros, são tão desonestos quanto os seus patrões ou, pior, concorram com aquela linha o que revela grave deformação de caráter.

domingo, 22 de agosto de 2010

TSE muda as regras e não informa direito

O TSE mudou a forma de votar repentinamente e não avisou direito aos eleitores. Agora, além do título de eleitor,  os eleitores serão obrigados a levar um documento com foto. Praticamente não houve comunicação para informar isso e a campanha foi de péssima qualidade.
A desinformação atinge principalmente os eleitores mais pobres e das áreas de difícil acesso. Milhões serão prejudicados.

Tem gente lendo os jornais errados

Texto curto e bacana copiado do blog Escrevinhador.

A Stephanie é a estagiária da redação. Trabalha muito, carrega fitas pra lá e pra cá, ajuda a apurar informações, está sempre ligada na notícia do dia. Em poucas palavras: ainda nem terminou a Faculdade, mas está doida pra aprender como se faz o tal “jornalismo diário”.
Pois bem: numa noite dessas, ela estava na mesa de trabalho, ao lado desse escrevinhador e de Marco Aurélio Mello – que é editor do “Jornal da Record” e também comandante-em-chefe do blog “Doladodelá”. A Stephanie tinha um olho no computador (o chefe dela não para de passar novas tarefas) e outro na TV, pra acompanhar o telejornal. De repente, entra a notícia no ar: ”Vox Populi – Dilma 45%, Serra 29%. Dilma pode ganhar  no primeiro turno”.
O Aurélio e eu nem nos mexemos, mas a Stephanie arregala os olhos: “gente, eu jurava que o Serra ia ganhar”.
O Aurélio sorri.
“Eu leio a Veja, leio todos os jornais, e pelas notícias eu tinha certeza que o Serra ia ganhar disparado”.
O Aurélio sorri. E eu sorrio também.
“Por que vocês estão rindo? Eu nao tenho a experiência de vocês, mas  acompanho as notícias, e tudo indicava que a Dilma não ia conseguir nada nessa eleição”.
Só aí o Aurélio resolve falar: “acho que você andou lendo os jornalistas errados”.
A Stephanie é mais uma vítima da velha imprensa que briga com os fatos. A velha imprensa, que deu espaço pro Montenegro prever que Dilma não passaria dos 15%. Deu espaço pra ficha falsa na primeira página. Deu espaço pra colunistas e comentaristas dizerem os maiores absurdos sobre Lula, Dilma e o Brasil.
Essa turma enganou o seu público. Enganou a Stephanie.
Essa turma tem todo direito de escolher um lado. Nos blogs por aí, muita gente também escolhe um lado. Mas a velha imprensa não faz só isso. Ela esconde os fatos, briga com a realidade, na tentativa de controlar essa realidade.
A Stephanie – que não é tão ligada em política, não é militante, e quer só se informar – já percebeu que algo estranho ocorreu. Quantos leitores, ouvintes e telespectadores também estão percebendo?
Como diria o Cartola, naquela letra belíssima: “quando notares, estás à beira do abismo, abismo que cavaste com teus pés”.
No abismo não vão cair a Stephanie e o restante do público. Vai cair essa turma que briga com os fatos.
A vida é um moinho, e vai reduzir as ilusões a pó!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uma linda vista de vale verde

Isis Valverde

Grande mídia mostra seu lado mais reacionário

20 de agosto de 2010 às 1:18

Weissheimer: O passado e o presente da imprensa brasileira

O passado e o presente da imprensa brasileira
A revista Época fez o que se espera da Globo, um dos pilares de sustentação da ditadura militar: resgatou a agenda da Guerra Fria e destacou na capa o “passado de Dilma”. O ovo da serpente permanece presente na sociedade brasileira. O que deveria ser tema de orgulho para uma sociedade democrática é apresentado por uma das principais revistas do país com ares de suspeita. Os editores de Época honram assim o passado autoritário e anti-democrático de sua empresa e nos mostram que ele está vivo e atuante. No RS, jornal Zero Hora aplaude suspensão de indenizações às vítimas da ditadura e fala do risco de instituir uma “bolsa anistia”.
Marco Aurélio Weissheimer, na Carta Maior

As empresas de comunicação têm o hábito de se apresentarem como porta-vozes do interesse público. Em que medida uma empresa privada, cujo objetivo central é o lucro, pode ser porta-voz do interesse público? Essas empresas participam ativamente da vida política, econômica e cultural do país, assumindo posições, fazendo escolhas, pretendendo dizer à população como ela deve ver o mundo. No caso do Brasil, a história recente de muitas dessas empresas é marcada pelo apoio a violações constitucionais, à deposição de governantes eleitos pelo voto e pela cumplicidade com crimes cometidos pela ditadura militar (cumplicidade ativa muitas vezes, como no caso do uso de veículos da ão Paulo durante a Operação Bandeirantes). Até hoje nenhuma dessas empresas julgou necessário justificar seu posicionamento durante a ditadura. Muitas delas sequer usam hoje a expressão “ditadura militar” ao se referir aquele triste período da história brasileira, preferindo falar em “regime de exceção”. Agem como se suas escolhas (de apoiar a ditadura) e os benefícios obtidos com elas fossem também expressões do “interesse público”.
Apoiar o golpe militar que derrubou o governo Jango foi uma expressão do interesse público? Ser cúmplice de uma ditadura que pisoteou a Constituição brasileira, torturou e matou é credencial para se apresentar como defensor da liberdade? O silêncio dessas empresas diante dessas perguntas já é uma resposta. O que é importante destacar é que a semente do autoritarismo, da perversidade e da violência prossegue ativa, conforme se viu neste final de semana (e se vê praticamente todos os dias).
A revista Época fez o que se espera da Globo, maior empresa midiática do país e um dos pilares de sustentação da ditadura militar: resgatou a agenda da Guerra Fria e destacou na capa o “passado de Dilma”. O ovo da serpente permanece presente na sociedade brasileira. O que deveria ser tema de orgulho para uma sociedade democrática é apresentado por uma das principais revistas do país como motivo de suspeita. Os editores de Época honram assim o passado autoritário e anti-democrático de sua empresa e nos mostram que ele está vivo e atuante.
Indenizações às vítimas da ditadura
De maneira similar, aqui no Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora publicou um editorial apoiando a decisão do TCU de questionar às indenizações que estão sendo pagas às vítimas de perseguição e maus tratos durante a ditadura, ou “regime de exceção”, como prefere a publicação. Trata-se, segundo a RBS, de defender um “princípio da razoabilidade”. “Ninguém tem direito a indenizações perdulárias ou a aposentadorias e pensões que extrapolam critérios de prudência, ponderação e equilíbrio”, diz o texto. Prudência, ponderação, equilíbrio e razoabilidade: foram esses os valores que levaram o jornal e sua empresa a cerrarem fileiras ao lado dos militares que rasgaram a Constituição brasileira? Quanto dinheiro os proprietários da RBS ganharam com esse apoio? Não seria razoável e ponderado defender que indenizassem a sociedade brasileira pelo desserviço que prestaram à democracia?
É cansativo, mas necessário relembrar. Sempre. Como a maioria da grande mídia brasileira, a empresa gaúcha apoiou o golpe que derrubou João Goulart. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelos militares por apoiar Jango. Esse foi o batismo de nascimento de ZH: a violência contra o Estado Democrático de Direito. Três dias depois da publicação do Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou matéria sobre o assunto afirmando que “o governo federal vem recebendo a solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional”. No dia 1° de setembro de 1969, o jornal publica um editorial intitulado “A preservação dos ideais”, exaltando a “autoridade e a irreversibilidade da Revolução”. A última frase editorial fala por si:
“Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima de tudo”.
Interesses nacionais?
A expansão da empresa se consolidou em 1970, com a criação da RBS. A partir das boas relações estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e diversificando seus negócios.
Como a revista Época, Zero Hora é fiel ao seu passado e exercita um de seus esportes favoritos: pisotear a memória do país e ofender a inteligência alheia. O editorial tenta ser ardiloso e defende, no início, as indenizações como decisão correta e justa. Mas logo os senões começam a desfilar: os exageros nas indenizações de Ziraldo, Lula, Jaguar e Carlos Lamarca, “outro caso aberrante segundo o procurador”. A pressão exercida por setores militares junto ao governo e ao Judiciário é convenientemente omitida pelo editorial que fala do “risco” de as indenizações se transformarem em algo como “uma bolsa-anistia”.
O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Junior, divulgou uma esclarecedora nota a respeito da decisão do TCU e das pressões que vem sendo exercidas contra o processo das indenizações. A capa da revista Época e o editorial de Zero Hora mostram que as empresas responsáveis por essas publicações permanecem impregnadas do autoritarismo que alimentou seu nascimento e expansão. É triste ver jornalistas emprestando sua pena para inimigos da democracia e da liberdade. Pois é exatamente disso que se trata. Esse é o conteúdo que habita a caixa preta de boa parte da imprensa brasileira.

O fim da oposição de direita abre espaço para a oposição de esquerda

Bom texto encaminhado pelo professor Dalmir Francisco.

O desdobramento das pesquisas eleitorais
A frente PSDB-DEM deve sofrer um duro golpe nas eleições deste ano,
prevê João Francisco Meira, diretor presidente do Vox Populi. Vai
sobrar Aécio Neves, em Minas, Kátia Abreu em Tocantins, talvez Roseane
Sarney (embora no PMDB) no Maranhão. Cesar Maia corre o risco de não
se eleger, assim como Agripino Maia e outros caciques. A nova geração
de centro-direita, esperança de um revigoramento da oposição, será
arrasada nas eleições. Levará no mínimo oito anos para se recompor a
oposição, com todos os inconvenientes que trará para o aprimoramento
democrático do país. O artigo é de Luis Nassif.
Luis Nassif
A grande tragédia política dessas eleições será o fim quase completo
da frente PSDB-DEM, a única que poderia oferecer uma oposição
consistente ao novo governo, que será empossado em 1º de janeiro de
2011.
Não existe governo, por mais virtuoso, que resista a um mandato sem
oposição. E este é o risco que o Brasil corre, com os erros cometidos
pela oposição nas atuais eleições. A avaliação é de João Francisco
Meira, diretor-presidente do Instituto Vox Populi.
Em meados do ano passado, a partir de conversas com Meira e de
reflexões próprias, parlamentares do DEM – como o ex-deputado Saulo
Queiroz – alertaram para as dificuldades que haveria em uma provável
candidatura José Serra. Estava claro para eles a quase impossibilidade
de vitória de Serra, por um conjunto de fatores.
O alerta de nada adiantou.
Em março, durante Congresso da Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa (ABEP), Meira alertou mais uma vez que a eleição já estava
decidida para Dilma Rousseff. Tanto o Vox Populi quanto o Instituto
Sensus trabalhavam com modernas técnicas de pesquisa, visando
antecipar tendências do eleitorado.
A metodologia era simples. Parte relevante do eleitorado não sabia
ainda que Dilma era candidata de Lula. Mas certamente saberá no dia
das eleições. A técnica consistia em antecipar aos pesquisados as
informações. A partir daí, se chegaria a um resultado muito mais
próximo do resultado final das urnas.
No encontro, houve um forte questionamento do Instituto Datafolha,
para quem pesquisas não deveriam antecipar tendência.
É uma bela discussão conceitual. O que interessa em uma pesquisa
eleitoral: saber qual o resultado se a eleição fosse hoje ou tentar
antecipar o resultado final da eleição? A fronteira da pesquisa de
mercado é justamente antecipar tendências, explica Meira.
Nos meses seguintes, um inferno se abateu sobre os Institutos que
seguiram essa nova metodologia – Sensus e Vox Populi. Foram atacados
pelos jornais.
O momento mais dramático dessa história foi quando, estimulado pelas
matérias da Folha, o PSDB entrou na justiça eleitoral exigindo a
auditagem da pesquisa do Sensus. O Instituto amanheceu com um
estatístico convocado em São Carlos, com a polícia, para garantir a
vistoria, e com um repórter da Folha (empresa proprietária do
Datafolha) para escandalizar o acontecimento.
Não se encontrou nenhuma irregularidade na pesquisa. Mais que isso, à
medida que os dias iam passando, confirmava-se integralmente o acerto
do Sensus e do Vox. O próximo desafio de Meira será produzir um
trabalho acadêmico a respeito das conseqüências do viés das pesquisas.
Em um primeiro momento, aumentou a desinformação da opinião
pública.Agora, há muita gente perplexa com um resultado que já era
previsível desde o ano passado.
Ao comprar a ideia de que Serra era competitivo, contra toda a
evidência de um ano atrás, a oposição acabou indo para o caminho que
Lula queria.Meira equipara esse episódio às grandes tragédias
shakespeareanas, de desdobramentos terríveis quando se toma a decisão
errada na política, na guerra e no amor. Os fatos acabam voltando no
meio da sua testa, com fúria redobrada.
Caminhos alternativos
Se não se tivesse embarcado nessa armadilha das pesquisas com viés, a
oposição teria tomado outro caminho. Constataria que Lula inaugurou um
novo tempo na política brasileira e tentaria se adequar a esse novo
cenário, pensando em um pacto progressista, que permitisse reformas
estruturais do Judiciário, reforma fiscal, estrutura tributária. Não
venceria as eleições, mas sairia preservada.
A queima das caravelas
Em vez disso, queimaram-se as caravelas e se chegou ao final da
tragédia, com a aniquilação quase completa da estrutura DEM-PSDB. Vai
sobrar Aécio Neves, em Minas, Kátia Abreu em Tocantins, talvez Roseane
Sarney (embora no PMDB) no Maranhão. Cesar Maia corre o risco de não
se eleger, assim como Agripino Maia e outros caciques. A nova geração
de centro-direita, esperança de um revigoramento da oposição, será
arrasada nas eleições.
O final da tragédia
Levará no mínimo oito anos para se recompor a oposição, com todos os
inconvenientes que trará para o aprimoramento democrático do país. O
final da tragédia será em São Paulo. Geraldo Alckmin será eleito,
possivelmente com folga. Mas há grande probabilidade de Serra perder
no seu próprio estado, a partir do qual se produziu a fantasia que
liquidou com a oposição em todo país.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Brasil ultrapassa Espanha

19 de agosto de 2010 às 13:41

Com a economia estagnada, espanhóis lamentam ultrapassagem do Brasil

La economía española se baja del pódium
Editorial do jornal espanhol Expansión
17.08.2010
A economia espanhola aspirou durante muito tempo fazer parte do grupo das sete economias mais importantes do mundo, do todo-poderoso G-7, integrado pelos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Canadá.
Sobretudo durante o período do governo Aznar, tentou infrutiferamente usar a condição de oitava potência mundial para obter um assento no G-7.
Em 2007 o Banco da Espanha certificava que a economia espanhola era a sétima do mundo depois de ter desbancado o Canadá, mas tampouco o presidente Zapatero teve melhor sorte em suas reivindicações, por mais que se gabasse de que a economia espanhola estivesse entre as campeãs, que havia superado a da Itália em renda per capita e que em breve faria o mesmo com a da França.
Agora, a severidade com que a crise golpeou a economia espanhola e seus efeitos de contração do PIB nos distanciaram desta velha aspiração. Segundo os dados disponíveis, entre o primeiro trimestre de 2009 e o primeiro deste ano, o Brasil, com um PIB de 1,8 trilhão de dólares, desbancou a Espanha do oitavo posto, com um PIB de 1,5 trilhão.
O Brasil, cujo principal destino exportador é a China, sofreu apenas dois trimestres de crescimento negativo entre 2008 e 2009 e suas perspectivas de crescimento são de 7% para este exercício e de 11% para o próximo. Apesar disso, o Banco Mundial já estimava em 2008 que a economia espanhola ocupava a décima primeira posição do planeta, claramente abaixo do Brasil, se se comparasse as duas em termos de poder de compra.
Em todo caso, o dinamismo do Brasil contrasta com a paralisia da economia espanhola e com suas pobres perspectivas de recuperação, pois existe uma concordância generalizada de que há adiante um longo calvário de estagnação econômica. De fato, a tímida recuperação dos dois primeiros trimestres do ano, com a volta de baixas taxas de crescimento, poderá ser truncada na segunda metade deste ano.
O aumento do IVA, o enorme endividamento das famílias e a deterioração do mercado de trabalho, a falta de confiança e o eventual aumento dos impostos manterão inibida a demanda interna, motivo pelo qual a economia espanhola deve colocar todos os seus esforços em revitalizar seu setor exportador que, como em crises anteriores, pode ser o motor da recuperação.
Ontem se soube que as exportações espanholas tiveram aumento de 16,3% no primeiro semestre, o que é um dado que dá esperanças, mas ainda insuficiente para pensar que o setor exportador pode ocupar o lugar do consumo interno. A depreciação do euro e o vigor da recuperação em países da eurozona como Alemanha e França, importantes destinos de nossas exportações, oferecem um cenário favorável, que devemos aproveitar aumentando a qualidade e a quantidade de nossa oferta exportadora.

Direita unifica a esquerda em torno do PT

Como o oposição reunificou o PT

Do Valor
O efeito colateral do discurso neo-udenista 
Maria Inês Nassif
19/08/2010

Na campanha, o PT consegue reunir de volta sua antiga militância e o PSDB tem perdido a sua
A excessiva fixação do PSDB e do DEM no eleitorado de centro e de direita, com correspondente radicalização do discurso, tem estreitado as margens de manobra dos dois maiores partidos de oposição. A agressividade de um discurso tomado da direita ideológica produziu, em 2006, um fenômeno que deve se repetir em 2010. É esse discurso que, em ano eleitoral, têm trazido os movimentos sociais que atuam à esquerda do PT - e que beberam da mesma fonte no passado - de volta à sua órbita.
No primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), houve um gradativo afastamento de setores sociais que, na origem petista, eram a militância mais aguerrida do partido. Era ininteligível para os movimentos um acordo de governo tão amplo que abrigava interesses do mercado financeiro e do agronegócio, ao mesmo tempo em que investia em programas sociais de transferência de renda, no microcrédito e no apoio à agricultura familiar. Quando o Bolsa Família começou a produzir, de fato, efeitos de distribuição de riqueza, os movimentos sociais viram-se com um grande abacaxi nas mãos. Não era possível se contrapor a um programa de complementação de renda, que atacava cidadãos expostos à miséria absoluta, mas, se o Bolsa Família produzia o efeito de tirar os miseráveis da órbita de influência da política tradicional, tinha também um efeito desmobilizador na base desses movimentos. A luta reivindicatória, que se iniciava pela educação para a cidadania, também foi neutralizada.
O episódio do chamado mensalão, em 2005, levou o PT e os movimentos sociais ao quase rompimento. Do lado institucional, houve o racha do PSOL. Quando os dissidentes saíram, em meio a um Fórum Social Mundial, a impressão que se tinha era a de que levariam consigo boa parte da esquerda do PT, além da militância ligada à igreja progressista e que foi responsável pela capilarização do partido, na sua origem. A ação da oposição legislativa, amplificada e em processo de retroalimentação com a mídia, acabou revertendo esse processo. O PSOL ficou pequeno. Os movimentos sociais tomaram rumo próprio, sem a ligação umbilical que tinha com o PT na origem do partido, mas evitaram um confronto direto com o governo. A maior parte da esquerda petista permaneceu. O clima pré-64 preservou os quadros de esquerda do PT e impediu uma ofensiva dos movimentos sociais mais à esquerda contra o governo Lula. Nas vésperas das eleições de 2010, os movimentos sociais se alinharam a Lula, por duas razões. Primeiro, porque não tinham condições de se contrapor às suas bases, seduzidas pelos programas de transferência de renda e com alto grau de satisfação com o governo. Mais do que isso: é uma população atraída pelo carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é muito difícil andar na contramão de um líder carismático cujo governo, ao fim e ao cabo, produz satisfatórios resultados sociais. Por fim, por medo de uma radicalização à direita que comprometesse os avanços que tinham ocorrido no governo Lula. O maior temor do Movimento Sem Terra em 2006, por exemplo, era a hipótese de vitória de um governo tucano, que no período FHC havia assumido uma política radical de criminalização do movimento.
Para as esquerdas e os movimentos sociais, o retorno à órbita de influência do PT, em 2006, foi algo como "ruim com Lula, pior sem ele". De lá para cá, o processo de direitização do PSDB e do DEM se acelerou e os resultados do governo na promoção da distribuição de renda tornaram-se mais claros. Às vésperas das eleições, a reincorporação das esquerdas e dos movimentos sociais à órbita petista ocorre novamente. Se o discurso neo-udenista da oposição teve o efeito, nos setores conservadores, de acirrar o antipetismo, em setores progressistas teve o efeito colateral de tornar mais acirrado o antitucanismo e o antidemismo.
A estabilidade do segundo governo de um presidente que foi ameaçado de impeachment no primeiro mandato não é, portanto, um produto exclusivo de seu carisma. Ao mesmo tempo em que o governo incorporava ao mercado de consumo enormes levas de excluídos - e alienados - brasileiros, Lula e o PT reincorporavam movimentos sociais que haviam se descolado ao longo dos primeiros anos do primeiro mandato.
A aritmética desse processo político se expressa nos resultados das últimas pesquisas de opinião, amplamente favoráveis à candidata do PT à sucessão de Lula, a ex-ministra Dilma Rousseff. O discurso udenista estreitou o espectro político da oposição, ao mesmo tempo em que provocou uma reunificação numa esquerda divida por um governo excessivamente amplo, que contemplou interesses muito diversos aos defendidos originalmente pelo PT. O partido de Lula, que desde a derrota de 1998 ampliou o seu discurso em direção também ao centro ideológico, acabou sendo avalizado pelos próprios setores conservadores por cumprir as promessas de campanha feitas com a espada do mercado financeiro no pescoço. Não houve quebra de contrato.
Não é uma situação fácil para um candidato oposicionista. Em especial porque o primeiro governo de Lula, marcado por políticas econômicas ortodoxas, rachou também uma base de apoio que era originalmente tucana. O candidato do PSDB, José Serra, não pode acenar com mudanças nem à direita, nem à esquerda - à direita, afugenta a base tradicional tucana; à esquerda, provoca efeito de aproximação maior da base tradicional da esquerda com o PT.
Enquanto, pelo menos em período eleitoral, o PT consegue reunir sua antiga militância, o PSDB, ao se aproximar do discurso do DEM, tem perdido a sua. Alguns setores intelectuais de perfil social-democrata que estiveram na origem do partido até embarcam no discurso antipetista, principalmente em São Paulo, onde há uma polarização que está se tornando histórica, mas dificilmente se incorporam novamente à militância, ou voltam a ser quadros partidários.
Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras
E-mail: maria.inesnassif@valor.com.br

domingo, 15 de agosto de 2010

Globo apoiou a ditadura militar

Para quem tem súvidas, olhem a primeira página do jornal O Globo no dia seguinte ao golpe militar.


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Institutos de pesquisa alertam que Dilma pode vencer no primeiro turno

Da Carta Capital

Pesquisadores concordes


 
Carlos Augusto Montenegro (foto), presidente do instituto de pesquisa Ibope, impressiona-se com a diminuição da vantagem de Serra em São Paulo. Leia a análise feita pelo colunista Maurício Dias das pesquisas que apontam para uma possibilidade real de Dilma vencer no primeiro turno. Foto: Agliberto Lima/AE
Sensus, Ibope e Vox Populi pela voz do seus diretores avisam: sim, Dilma pode vencer no 1º turno
Os três mais importantes institutos de pesquisa do País acertaram os ponteiros: Dilma Rousseff está à frente na corrida presidencial e, mais que isso, projeta a possibili-dade- de resolver a eleição já no primeiro turno.
Nas últimas duas semanas, a intenção de voto projetada pelo Vox Populi, Ibope e Sensus indica o crescimento da candidata do PT e, por outro lado, mostra a estagnação ou queda nos índices do candidato do PSDB.
A pergunta, então, irrompe contra as vontades estabelecidas: a eleição pode mesmo terminar no primeiro turno com a vitória de Dilma?
O colunista conversou com João Francisco Meira, do Vox Populi, Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, e Ricardo Guedes, do Sensus. Todos responderam “sim”, com maior ou menor ênfase.
Em março, durante reunião da Associação Brasileira de Pesquisas, Meira abalou a estabilidade bem comportada da reunião e anunciou que vários fatores projetavam a possibilidade de a candidata do PT se eleger no primeiro turno.
Ele agora consolida a posição: “Dilma pode ganhar no primeiro turno. Os fatores que informam a decisão do eleitor a favorecem amplamente. Eles existem há longo tempo e estão se consolidando de tal maneira que somente uma mudança radical alteraria isso. São cinco esses fatores: a satisfação da sociedade com a situação econômica; a satisfação com o governo; a admiração pelo presidente da República; a identidade partidária; e o tempo de antena, ou seja, a influência do rádio e da televisão na campanha eleitoral.
Para ele, o favoritismo de Dilma tirou até mesmo a competitividade da eleição.
Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, fala abertamente, pela primeira vez, sobre a possibilidade de a eleição ser decidida em um turno só e a favor de Dilma.
“A eleição pode terminar no primeiro turno. Mas essa resposta só pode ser dada com mais segurança duas semanas após o início do horário eleitoral. Os programas de rádio e televisão, além dos debates, com a repercussão que geram, podem provocar mudanças.
A possibilidade de Dilma vencer no primeiro turno existe. Ela está com todos os indicadores em alta e os resultados de intenção de voto nela no Sudeste são fundamentais para isso.
A virada em Minas, onde ela passou a ter 10 pontos de frente; a diferença de 19 pontos que abriu no Rio e, finalmente, a redução da vantagem que Serra tinha em São Paulo, que já foi de 25 pontos e hoje é de 11 pontos. “Isso pode determinar a vitória dela já no primeiro turno”, afirma Montenegro.
Ricardo Guedes, que divulgou nova pesquisa com Dilma 10 pontos à frente de Serra, diz que a hipótese de a petista vencer no primeiro turno “não pode mais ser desconsiderada”.
Guedes aponta um número fortíssimo da pesquisa nessa direção: ela tem 48,5% dos votos válidos. Muito próximo dos 50% (mais 1 voto) que decretariam a vitória no primeiro turno.
O representante do Sensus não acredita que o rádio e a televisão possam alterar essa tendência. Ao contrário, considera que o horário eleitoral aumentará a possibilidade de Dilma. E explica a razão: “O que hoje os eleitores do Sul e do Norte, do Leste, Oeste e Centro-Oeste conhecem em parte eles conhecerão na totalidade. Eu me refiro aos feitos de uma administração com aprovação extremamente elevada”.